Como muitos dos que costumam ler este blog sabem, trabalho na área da saúde no município do Rio de Janeiro e sei bem seus prós e contras. Em muitas coisas a saúde do rio está até bem, mas em outras...
Eu trabalho em um programa chamada Agente Comunitário de Saúde, tenho a função de acompanhar por mês um determinado número de famílias, levantar o seu histórico de saúde e acompanhá-los, dando orientações e fazer a ponte entre a família e a unidade de saúde (hospital ou posto de saúde mais próximo). Todos os dados de acompanhamentos que fazemos são levados direto ao conhecimento da Secretária Municipal de Saúde e a ela, cabe providenciar soluções para todos os problemas encaminhados.
Por mês eu acompanho vários tipos de pessoas, desde crianças e recém nascidas até idosos, neste último grupo atendo assisto idoso dos mais diversos tipos, desde os clássico com problemas e complicações devido a idade, até mesmo aqueles de idade bem avançada, mas quem tem uma saúde de um adolescente em plena puberdade. Só que, aqui onde moro e trabalho na Ilha de Paquetá (para quem não sabe, a ilha é um bairro localizado no meio da Baía de Guanabara no Rio de Janeiro), existem alguns idosos muito debilitados, que vivem acamados e que não têm condições nem de se sentar para se alimentar, a esses idosos damos sempre prioridade em tudo.
Aqui no Rio alguns hospitais tem um programa de atendimento especial a idosos que tem tal necessidade, o atendimento é feito da seguinte forma: a família do idoso em questão vai até a unidade de saúde mais próxima de sua residência e lá procura a Assistência Social, efetua um cadastro do paciente para que um médico vá em sua casa periodicamente acompanhar o estado do idoso e cuide dele em sua própria residência, seja fazendo uma simples medição de pressão arterial, ou até mesmo fazendo um curativo mais complexo e por vezes, até a cuidando da higiene do idoso, pois nem sempre a família sabe a forma correta de se fazer isso, ou não tem condições, ou até mesmo os dois casos.
Pois bem, Paquetá é um dos locais privilegiados que têm esse tipo de atendimento privilegiado ao idoso que tem de ser feito pelo hospital, ao menos assim deveria ser feito, mas não é o que vem acontecendo. Há alguns meses a família de um amigo me disse que uma idosa que mora com eles estava necessitando de atenção especial e me pediu orientação, dei exatamente as mesmas instruções que descrevi acima, eles foram ao hospital e fizeram o cadastro. Se não me falha a memória o médico chegou a ir até a casa deles, observou a idosa e se recusou a atendê-la, alegou que a própria família deveria removê-la para uma clínica fora de Paquetá, após isso nenhum médico foi vê-la novamente.
Certo dia quando estava no hospital daqui procurando uma informação para uma das famílias que atendo, encontrei uma das pessoas que faz parte da minha área de atuação, soube através dela que outras das idosas também acamadas e que moram na mesma casa, também muito necessitadas, não estavam sendo atendidas pelo hospital, ainda segundo as palavras da própria pessoa, eu ia mais na casa dessas idosas do que o próprio hospital que deveria ir lá também.
Quem não conhece a ilha e suas características deve estar se perguntando porquê essas famílias não buscam atendimento fora daqui, ou até mesmo removam os idosos para outras unidades de saúde. Para vocês terem uma idéia, a ilha fica a 15km de distância do centro do Rio de Janeiro e a travessia só é possível por via marítima em um percurso que leva no mínimo 60 minutos de barca. Como disse antes, esses idosos que deveriam receber tal atendimento aqui na ilha, não têm condições nem de se sentar para serem alimentados, vocês acham que eles suportariam uma travessia marítima que leva mais de uma hora? Sem contar o tempo que levariam para chegar a um hospital, isso sem acompanhamento adequado algum, nem mesmo em condições idéias, pois é isso que os médicos daqui orientaram a uma família a fazer com seu idoso.
Eu trabalho em um programa chamada Agente Comunitário de Saúde, tenho a função de acompanhar por mês um determinado número de famílias, levantar o seu histórico de saúde e acompanhá-los, dando orientações e fazer a ponte entre a família e a unidade de saúde (hospital ou posto de saúde mais próximo). Todos os dados de acompanhamentos que fazemos são levados direto ao conhecimento da Secretária Municipal de Saúde e a ela, cabe providenciar soluções para todos os problemas encaminhados.
Por mês eu acompanho vários tipos de pessoas, desde crianças e recém nascidas até idosos, neste último grupo atendo assisto idoso dos mais diversos tipos, desde os clássico com problemas e complicações devido a idade, até mesmo aqueles de idade bem avançada, mas quem tem uma saúde de um adolescente em plena puberdade. Só que, aqui onde moro e trabalho na Ilha de Paquetá (para quem não sabe, a ilha é um bairro localizado no meio da Baía de Guanabara no Rio de Janeiro), existem alguns idosos muito debilitados, que vivem acamados e que não têm condições nem de se sentar para se alimentar, a esses idosos damos sempre prioridade em tudo.
Aqui no Rio alguns hospitais tem um programa de atendimento especial a idosos que tem tal necessidade, o atendimento é feito da seguinte forma: a família do idoso em questão vai até a unidade de saúde mais próxima de sua residência e lá procura a Assistência Social, efetua um cadastro do paciente para que um médico vá em sua casa periodicamente acompanhar o estado do idoso e cuide dele em sua própria residência, seja fazendo uma simples medição de pressão arterial, ou até mesmo fazendo um curativo mais complexo e por vezes, até a cuidando da higiene do idoso, pois nem sempre a família sabe a forma correta de se fazer isso, ou não tem condições, ou até mesmo os dois casos.
Pois bem, Paquetá é um dos locais privilegiados que têm esse tipo de atendimento privilegiado ao idoso que tem de ser feito pelo hospital, ao menos assim deveria ser feito, mas não é o que vem acontecendo. Há alguns meses a família de um amigo me disse que uma idosa que mora com eles estava necessitando de atenção especial e me pediu orientação, dei exatamente as mesmas instruções que descrevi acima, eles foram ao hospital e fizeram o cadastro. Se não me falha a memória o médico chegou a ir até a casa deles, observou a idosa e se recusou a atendê-la, alegou que a própria família deveria removê-la para uma clínica fora de Paquetá, após isso nenhum médico foi vê-la novamente.
Certo dia quando estava no hospital daqui procurando uma informação para uma das famílias que atendo, encontrei uma das pessoas que faz parte da minha área de atuação, soube através dela que outras das idosas também acamadas e que moram na mesma casa, também muito necessitadas, não estavam sendo atendidas pelo hospital, ainda segundo as palavras da própria pessoa, eu ia mais na casa dessas idosas do que o próprio hospital que deveria ir lá também.
Quem não conhece a ilha e suas características deve estar se perguntando porquê essas famílias não buscam atendimento fora daqui, ou até mesmo removam os idosos para outras unidades de saúde. Para vocês terem uma idéia, a ilha fica a 15km de distância do centro do Rio de Janeiro e a travessia só é possível por via marítima em um percurso que leva no mínimo 60 minutos de barca. Como disse antes, esses idosos que deveriam receber tal atendimento aqui na ilha, não têm condições nem de se sentar para serem alimentados, vocês acham que eles suportariam uma travessia marítima que leva mais de uma hora? Sem contar o tempo que levariam para chegar a um hospital, isso sem acompanhamento adequado algum, nem mesmo em condições idéias, pois é isso que os médicos daqui orientaram a uma família a fazer com seu idoso.
Isso é um caso de completo descaso por parte desses
O mais interessante é que quando se entra no site da Secretária Municipal de Saúde, tem um link com o nome de "Saúde do Idoso", ao clicar nele, você irá até uma página onde a primeira coisa que se lê é "Unidades de Saúde com Atendimento Diferenciado ao Idoso". Caso você clique nesse próximo link, você irá a uma página que mostrará uma lista de diversas unidades de saúde que têm o tal "Atendimento diferenciado", lá estarão listados o nome da unidade e seus respectivos endereços e telefones, inclusive as atividades desenvolvidas no "Atendimento Diferenciado". Mais interessante ainda é o fato de o hospital de Paquetá ser o primeiro da lista. Caso você seja daqui do município do Rio tente ligar para o número indicado e perguntar sobre o "Atendimento Diferenciado ao Idoso", caso consiga alguma orientação, lhe garanto que não lhe darão nenhuma resposta conclusiva.
Para finalizar fica uma pergunta, se em uma ilha de pouco menos de 4 mil habitantes, com pouco mais de 800 idosos, esse tipo de coisa ocorre, imagine em um bairro maior, ou até mesmo no restante do município? Triste, mas verdade.
Texto intrigante...
ResponderExcluiré incrivel o descaso que ocorre com os idosos, mas como vc disse é a realidade!
è triste....
Parabéns! peloBlog..!
Muito bom!
Volterei!
Se quiser vai no meu blog!
Olá...
ResponderExcluirAo ler o seu texto, PK - vislumbro a minha cidade, São Paulo, afundada no caos da saude, educação e violencia, a situação aqui é semelhante... O descaso é total, atendimento pifio e o Estado completamente ausente das questões populares...
Abraços
Everaldo Ygor
http://outrasandancas.blogspot.com/
Arthur Clark - 2001 a Odisséia no Espaço, lembrou?
Pois é, meu caro, triste, mas verdade. Trabalho no Conselho Tutelar de minha cidade e muitas vezes vejo situações de descaso como esse.Nao por parte des te conselho, mas por outros orgaos que deveriam trabalhar em conjunto para melhorar o atendimento da populaçao e nao o fazem. Em especial, temos aqui a polícia civil, que muitas vezes que impor ao conselho que tome medidas que nao são de suas atribuiçoes, previstas no art. 136 da Lei 8.0659/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente). Acaba que no fim das contas, pela falta de informação da populoação em geral o conselho é qm leva a culpa. Triste.
ResponderExcluirE assim, segue a caravana.
Pois � cheguei ao fim da p�gina e nem voltei tanto assim...
ResponderExcluirSei muito bem o que � o descaso com a sa�de no RJ.
Moro em Araruama e aqui n�o tem pronto socorro.
Tamb�m aqui n�o se pode escolher o plano de sa�de que se quer ou pode ter; quem poderia.
� Unimed e acabou.
Quem tem, tem, quem n�o tem espera o dia clarear e vai na farm�cia. Como aconteceu comigo nas �ltimas f�rias escolares que tive 3 beb�s como h�spedes e fizeram o favor de adoecer, dois deles, � noite.
Mas tamb�m quem mandou adoecer � noite? A culpa � deles!
Abra�o meu