Revelações de Jonas - Conspiração: Primeira Etapa do Plano

Revelações de Jonas: Conspiração
Primeira Etapa do Plano
Nomes e professores


Jonas esperou por alguma espécie de explicação por parte da sombra sobre o que estavam fazendo novamente naquele local. Sentia-se mal por depois de tudo que passara ainda ter que encarar o motivo de sua desgraça mais uma vez. A Sombra o ignorava solenemente e conversava com seu Cavaleiro Negro ignorando completamente todos os apelos de Jonas. Jonas sentia próximo deles mais uma vez o Rio Cinzento, e se perguntava se em algum momento aquele anjo que vira da primeira vez apareceria.

– Não, Taniel não aparecerá aqui, e é provável que nunca mais o veja... – Disse a Sombra, retornando a seu diálogo com o Cavaleiro.



Desistindo de esperar qualquer tipo de manifestação por parte daqueles dois, Jonas se afastou e começou a caminhar pelas redondezas. "Me encontrarão se quiserem", admitiu enquanto andava. Ao menos dessa vez não esta nu como da outra vez e apesar de algo lhe dizer que era evidente que não estava usando roupas também naquele momento, estar vendo com seus olhos os trapos que vestia na hora que morreu lhe davam certo conforto. Sentia falta de Adalberto, apesar de tê-lo visto tão pouco sua curta convivência abrandou um pouco o ódio que sentira. Intimamente desejava se vingar a todo custo do Cavaleiro Negro, e conseguiria isso de alguma forma.

De repente, Jonas se deparou com algo inusitado em suas andanças pelo desfiladeiro. Viu a uns trezentos metros de onde estava uma caverna. A princípio não deu muita importância a ela, mas quando escutou um gemido e o som de correntes batendo umas as outras, levou um susto absurdo e foi tomado por sua curiosidade. Pensou muito se deveria ou não entrar naquela caverna para ver o que estava ali dentro, mas não tempo o suficiente para desistir. Acabou entrando na caverna.

Era uma caverna escura e úmida. Gostas de água vermelha caiam do teto e parecia ser uma formação bem antiga pela presença de muitas estalagmites e estalactites. Era escuro, mas por alguma razão que Jonas ainda não compreendia, conseguia enxergar perfeitamente bem ali dentro, detalhe por detalhe. "Que bom... pelo menos mortos não usam lanterna.", pensou Jonas. Apesar de curioso, Jonas estava cauteloso, não queria para ele o mesmo cruel destino de Adalberto, pois saber que almas não eram indestrutíveis era algo novo e aterrador para ele. Foi quando viu chumbado no chão o começo de uma grossa corrente. Era uma corrente negra e seus elos eram do mesmo tamanho dos elos de correntes que prendiam as âncoras de navios petroleiros, pareciam pesadas demais e balançavam um pouco.

Jonas acompanhou a corrente até sua fonte e levou um susto. Ela dava em uma câmara completamente lisa da caverna onde no meio dela jazia um homem nu, preso por um total de quatro correntes idênticas, contando com a que Jonas seguira. Elas estavam dispostas de forma tal que o homem não conseguiria avançar mais que dois passos daquele lugar. Mas o estado deplorável do homem era suficiente para mostrar que sequer meio passo daria. O único traço marcante e presente no homem era que ele possuía cabelos loiros lisos e completamente em pé, lembrando alguns cortes militares. Sua pele estava toda coberta de hematomas e ele parecia dormir. Foi quando Jonas, como se hipnotizado pela presença estranha dessa pessoa, chutou uma pedra que foi quicando sonoramente até chegar a essa figura.

De sobressalto Jonas se escondeu atrás de uma saliência nas paredes da caverna e esperou, completamente apavorado. Não sabia com o que se apavorara, era um medo que teve a certeza de ser antigo. Imediatamente sua mente foi tomada com lembranças de outras vidas, outras mortes, de um mal presságio anterior até mesmo a existência do planeta Terra. E Jonas decidiu voltar o quanto antes. Ele saiu da saliência da caverna e pé ante pé foi se afastando de tudo aquilo, quando sentiu um arrepio e olhou para o homem. O homem levantara a cabeça e olhava fixamente para Jonas. O jovem sentiu um novo arrepio começando na ponta dos cabelos e indo até a ponta das unhas do pé. "Seus olhos são vermelho sangue... E bifurcados...", constatou Jonas a si mesmo. O homem levantou-se tomado de uma fúria aparentemente incontrolável e agitou as correntes. Jonas não teve nenhuma curiosidade e começou a correr.



Ele vira o invasor. Era impressionante como ele nunca tinha paz. Sempre, por mais isolado e imerso em sua dor estivesse e o quanto nas profundezas estivesse, sempre apareceria alguém para perturbá-lo em seus pensamentos. Era jovem o invasor, provavelmente algum curioso, amedrontado demais para entender o tamanho do problema em que se metera. Ele se levanta em meio as correntes que o prendem e escolhe a corrente que está na mesma direção aonde o jovem corre. E puxa forte a corrente, fazendo um estrondo que poderia ser ouvido a quilômetros dali. Com a força de sua mente poderosa a corrente se contrai e se molda a sua vontade, agarrando desprevenido seu invasor e trazendo-o até ele. "Será divertido", pensa, enquanto os gritos de pavor de seu invasor se aproximam mais e mais.



Jonas não soube o que o antigo. Estava tão preocupado correndo que não viu quando as correntes enrolaram seus pés e o derrubaram no chão. Escutou o barulho ensurdecedor a sua frente, mas isso não tinha sido o suficiente. Agora as correntes o amarravam da cabeça aos pés e seu corpo era arrastado pelo chão de volta para a câmara 0nde aquele homem estava. Sua cabeça batia violentamente nas sinuosidades da caverna, provavelmente se estivesse vivo sangraria.

Mais uma vez via um lado bom em estar morto. Ele chegou rápido ao local onde o homem agora estava de pé o aguardando. Mas o homem não estava mais nu, ele vestia uma armadura negra e dois pares de asas negras lhe adornavam as costas. Ao contrário do Cavaleiro Negro, não usava capacete, apenas uma espécie de tiara que deixava seu cabelo a mostra e seu rosto assombroso idem. As correntes giraram e se prenderam ao teto da caverna, se enrolando nas estalactites. Jonas ficou então dependurado de cabeça para baixo, face a face com o misterioso ser de olhos bifurcados, que agora brilhavam.

– Invasor... – Disse o homem, com sua voz parecendo um rosnado de leão, com o rosto tão próximo de Jonas que dava para sentir sua respiração.

– Não... Eu escutei um barulho e vim ver... – Balbuciou Jonas, apavorado. – Foi sem querer... Foi...

– Se não quisesse não teria entrado. – Falou o homem, apertando mais as correntes. – Agora, como gostaria de morrer? Como uma passa ou pelo fio da espada?

– Não... Não...



O homem se irritou com o medo de Jonas e socou-o como se fosse um saco de pancadas. Jonas bateu várias vezes contra o teto da caverna, levantando muita poeira. Apesar disso as correntes não se soltaram. Com um gesto do homem as correntes pararam de balançar e ele voltou-se novamente para Jonas.

– Já decidiu? – Perguntou o homem, segurando a cabeça de Jonas, que para seu pavor viu que os dedos do homem tinham garras invertidas na armadura.

– Não haverá mortes hoje, pelo menos de nenhum Jonas. – Disse uma voz sombria vindo pela caverna. Era a Sombra, que finalmente chegara para salvar Jonas de mais um problema. O homem reagiu com raiva a misteriosa chegada.

– Ah, é você... – Falou o homem, acalmando-se por completo. Até mesmo seus olhos bifurcados tornaram-se olhos normais e de um azul completamente sereno, um contraste com os últimos segundos. – Por acaso esse infeliz é coisa sua?

– Sim e não... Se ele está aqui é por SUA causa. – Disse a Sombra, dando ênfase a culpa do homem. – Daik-Haniah, não sente nele o cheiro dos habitantes locais daqui?

– Sinto...

– Então, ele apareceu aqui anos atrás, logo depois do que VOCÊ fez a essa colônia, e escutou uma conversa minha com seu amigo Taniel... Bem, pra resumir tudo, no final, por causa do que sabia, ou ele seria destruído ou se juntaria a nós.

– Você? Destruindo alguém?

– Não exatamente, Mizovitan o viu... E sabe como ele reage a intrusos nesses locais...

– É... Então posso soltar esse moleque.



Jonas não entendia muito bem a situação toda, mas entendeu bem o que queria dizer a respeito de soltar, e ao invés de desabar no chão como fruta podre conseguiu cair de maneira menos vergonhosa. Ergueu-se desastrado limpando a poeira e então finalmente entrou em sua cabeça quem era aquele homem diante dele, o destruidor daquele local.

– Você! Você fez tudo isso aqui... – Falou Jonas.

– Sim, ou acaso é surdo? – Questionou o homem. – Acabamos de falar sobre minha culpa...

– Você é o destrinchador de mundos?

– Não, " destrinchador" não, "devorador"... Daik-Haniah, meu real nome. Diga-me jovem, qual seu nome?

– Jonas.

– Bem, Jonas, a mancha negra já disse a você por que recrutou uma pessoa como você para trabalhar com ele?

– Não.

– Então... – O homem olhou para a Sombra. – Não me incomodo de saber, mas diga isso em português, acredito que ele não esteja familiarizado com nosso idioma.

– Bem, como bem devem saber não existe força no universo que possa superar os anjos. – Falou a Sombra. – Que eles são os mais próximos de Deus e todo aquele blábláblá que corre nisso... O tal do Graal.

– Mas eu, você e Mitzrael superamos... – Interrompeu o homem.

– Não é bem assim... Nós somos diferentes... – disse a Sombra, dando continuidade. – E como tal, a força de fé manifestada pelos anjos, o Graal, é considerada a força suprema. Nenhum habitante das profundezas ou desse parâmetro são capazes de superar. Até aí acredito que todos saibam... – Jonas assentiu com a cabeça, estranhando saber disso mesmo sem ter escutado nunca em sua vida na Terra... provavelmente informações de outras vidas. – Bem, Jonas pertence a uma classe de seres que entre os anjos é dado como certo que jamais conseguirão superá-los em relação ao Graal... Alegam que Anjos são perfeitos e crias diretas do Pai Celestial, diferentes dos espíritos comuns, que no máximo conseguirão arranhar a couraça de um anjo.

– E onde eu me encaixo? – Perguntou Jonas.

– Você é uma experiência que quero há muito tempo fazer... Eu há algum tempo atrás desafiei o Pai Celestial para um embate justo e o ganhei. Tal vitória, legítima, foi contestada pelos anjos e por todos que souberam disso...

– Você enfrentou Deus... E Ganhou? – indagou Jonas. – É impossível...

– NADA é impossível... Basta ter fé. – Afirmou a Sombra, vendo que o uso da palavra "fé", causara espanto a Jonas. – Bem, não vem ao caso... Desde então planejei treinar um espírito dos mais fracos em todos os aspectos para provar aos anjos que eles não são os seres supremos... Literalmente, quebrar seus salto-altos divinos.

– E esse espírito fraco seria eu? – Perguntou Jonas.

– Exato, o terceiro pra ser mais preciso... Os dois anteriores não sobreviveram ao treinamento... Mas foi há muito tempo atrás, antes da queda do Devorador de Almas e do Cavaleiro Negro. E agora vou treiná-lo junto com meus dois asseclas, o Cavaleiro Negro e o Devorador de Almas.



Um arrepio passou pela nuca de Jonas. Ele escutou que seria treinado pela Sombra, pelo Cavaleiro Negro e pelo Devorador de Almas. Um trio estranho e assombroso demais para seus padrões, aliás, nem sabia se sobreviveria a isso. Por um momento pensou em se forçar a acordar desse pesadelo, mas tinha certeza que não estava em coma como da outra vez. Era uma realidade confusa e cheia de informação com a qual jamais entenderia sem muito esforço.

– E porque a necessidade de nós três? – Indagou Daik-Haniah.

– Individualmente somos os mais poderosos em nossas categorias... Subterfúgio, Investigação e Guerra, um triunvirato difícil de superar senão por você-sabe-quem, quando treinei os dois anteriores, falhei porque por mais perfeitos que fossem no meu quesito, nos demais eram insuficientes e eram destruídos na hora da prática. Com vocês dois auxiliando, criaremos um ser mais equilibrado, capaz de sobreviver ao que planejo para ele, e vocês sabem o que é.



Daik-Haniah se afastou e sentou em uma pedra da caverna. Pensou por um tempo e abriu um largo sorriso. Havia lógica naquilo que a Sombra falava. Ele e Mitzrael eram exemplos vivos disso, assim como seu amigo Taniel. Eram seres completamente inferiores nos patamares locais, e por sua vez desprezados, que conseguiram em um curto espaço de tempo superar todos os adversários no quesito prático. Tudo bem que como no conto de Sansão, uma mulher derrotou os dois e outros usando dois músculos mais desenvolvidos que os punhos, o cérebro e a vulva, mas era passado, somente os ferira e com o tempo ficariam mais fortes que antes. Jonas tinha potencial, todos tinham... Daik-Haniah não era cria do Pai Celestial, mas reconhecia a capacidade de evoluir da linhagem de Taniel, e isso podia ser transmitido, mesmo que demorasse, a alguém da linhagem de Jonas. Daria trabalho? Muito, mas compensaria.

– Perfeito, começamos agora... – Falou Daik-Haniah, olhando para Jonas e sorrindo. – Se você achava que sofreu muito... Prepare-se...

Revelações de Jonas: Sexta Etapa da Viagem

Sexta Etapa da Viagem
Vendido!
 
 
Cavaleiro Negro... (Fonte)


Jonas saltou violentamente em cima do Cavaleiro Negro, que apenas riu e deu dois galopes para trás, deixando Jonas cair no chão. Jonas se levantou novamente e tentou pegar uma pedra para golpear o Cavaleiro. Esforço inútil, pois suas mãos atravessaram a pedra. "Mortos geralmente não erguem pedras, garoto.", disse o Cavaleiro. Com muito mais raiva Jonas chutou a perna do cavalo. Tentativa inútil, sua perna bateu em cheio nas proteções do animal para derrubá-lo, mas quem tombou com dor foi Jonas. "Humano demais...", disse o cavaleiro, enquanto erguia seu cavalo pelas rédeas e tentava acertar Jonas com um coice. Jonas consegue rolar pelo chão milésimos de segundo antes de o cavalo esmagar o lugar onde estava sua cabeça, mas quando tenta se levantar é subitamente preso ao chão pela pata dianteira esquerda do cavalo.

– Moleque idiota, se eu quisesse matá-lo teria feito isso agora... – Bradou o cavaleiro negro, imobilizando Jonas com a pata do cavalo e tocando sua testa com a ponta da espada. Jonas sente uma leve dor na testa.

– Então o que quer? – Pergunta Jonas, olhando em volta dele procurando por alguma espécie de arma.

– Esperar.

– Esperar pelo quê?

– Por mim. – Diz uma voz completamente familiar, a voz da Sombra. Ela se esgueira pelo chão noturno com suavidade e completamente despercebida, não fosse ter se anunciado. – Meu velho amigo aguarda somente uma resposta sua...

– Resposta? É desse modo que vai me dar livre arbítrio pra escolher?

– Você é realmente um completo imbecil... – Interrompe o Cavaleiro Negro. – Ele vale para todos, ou melhor, quase todos e você tem a opção de viver sob as regras da Sombra ou morrer pela minha espada... Se escolher o lado dos anjos está escolhendo por morrer pelas minhas mãos. Olhe a sua volte e procure pelo seu anjo da guarda? Onde ele está?

– Estou aqui. – Diz uma voz sublime, que vêem acompanhada de uma luz forte que cobre todo o ambiente, exceto nos locais que a Sombra e o Cavaleiro tocam. – Vim buscá-lo, Jonas, tive dificuldades em encontrá-lo, mas agora podemos partir...

– Nem pensar, borboleta. – Interrompe, dessa vez, a Sombra. – Essa jovem criatura de Deus tem uma resposta a me dar e antes de qualquer "pití" seu, espero que se lembre das regras...

– Não preciso de sua ajuda para lembrar-me. – Responde o anjo, olhando piedosamente para Jonas a seguir. – O que desejas nesse momento?



Se Jonas estivesse vivo, suaria frio. Mas ele não estava e todo esse nervosismo exalava de sua aura. Ele estava caído no chão, mantido nele pelos cascos do cavalo do Cavaleiro. Não faziam nem três minutos e seu novo, aliás, único amigo naquela nova situação estava morto em definitivo e nem sequer se acostumado com tudo aquilo. Diante dele naquele momento estavam um anjo, a Sombra e o Cavaleiro Negro. E todos eles queriam uma decisão dele. Apenas uma decisão.

– Chega! – Berrou Jonas. – Eu não faço a menor idéia de quem ou quê vocês são... Chego até mesmo a duvidar de meu estado atual... E vocês querem que eu tome uma decisão que envolve até onde vi minha própria destruição... Vocês são malucos por acaso e querem compartilhar comigo sua loucura? Ou me tomam por completo imbecil?

– Eu tomo-lhe por imbecil. – Respondeu o Cavaleiro Negro.

– Quieto meu fiel ajudante. – Interrompeu a Sombra. – O que o rapaz deseja apenas é informação, acredito que nosso amigo emplumado seja capaz de fornecer... Ou estaria enganado?

– ... – Silenciou o anjo.

– Então, jovem Jonas, vamos começar da maneira mais simples de todas, você me pergunta e eu respondo, se for para a borboleta dos céus, ela responde. – Falou a Sombra, aparentemente sentando em uma cadeira feita de si mesma. – É justo, concorda, pombo?

– Isso não me agrada, mas se assim poderei salvar sua alma... Deixemos ele em paz. – Assentiu o Anjo.

– Pra começar, o que está acontecendo? – Perguntou Jonas.

– Essa eu respondo. – Disse a Sombra. – Simples, você morreu! "Pou! Pou! Pou!", vários tiros certeiros em você que espalharam pedaços seus por toda a calçada próxima daquele arbusto do Largo dos Guimarães. Agora você tem a possibilidade de escolher qual lado decidir... E quer saber porquê? – Perguntou a Sombra, sabendo que sua insinuação obrigaria o anjo a ver respondidas questões que Jonas não estivesse disposto a entender.

– Diga, se já está falando... – Respondeu Jonas.

– Bem, quando você esteve em coma ouviu conversas e situações que não são dadas a um espírito de sua categoria. Foi testemunha de fatos que provavelmente apenas um grupo mínimo de pessoas na Terra, e até mesmo fora dela, foi capaz de escutar. E de posse disso nada fez, tanto para o bem quanto para o mal... Mas em compensação a revolta que a desolação trouxe a sua alma foi grande o suficiente para abalar sua noção de certo e errado na Terra. E deu no que deu... O Primeiro Tiro.

– E no que isso interfere em decisão?

– Em nada, mas me interessei por você em especial... Por causa da sua informação, não quero ela de posse de qualquer um.

– Quer dizer que estou passando por isso tudo só pro causa de segredinhos?

– Sim, e por gosto pessoal meu, mas acontece que quando você morreu o meu lacaio decidiu dar cabo definitivo de você... E não gostaria de ver algo ruim acontecer a um espírito tão novo quanto você. Ele sempre destrói suas vítimas na Terra, pra evitar aumentar o Carma dele... O "Aqui se Faz, Aqui se Paga"... Inteligente até, se não tem cobradores não tem dívida, apenas a consciência dele e ele não é o tipo de ser que se culpa muito... – Quando a Sombra falou isso, Jonas observou para o Cavaleiro Negro e teve a certeza de que ele sorria com tudo aquilo. – Em suma, se está até agora aqui existindo, é porque eu pedi a ele que o mantivesse vivo.

– E porque esse interesse súbito por minha pessoa? Não seria mais fácil me matar simplesmente?

– Porque vi que seria algo bem interessante... Demais, mas não posso falar até você aceitar minha oferta. Entenda, você só terá significado até o momento que disser "sim" ou "não", depois disso é consequência de suas escolhas, e entenda uma coisa: um "não" será desagradável, pois não poderei conter meu fiel amigo...

– Eu o conterei. – Interrompe o anjo. – Escolha com seu coração, não com seu medo. Estou aqui para protegê-lo de qualquer coisa, tenho Ele a meu lado...

– "Ele" não está aqui... – Fala a Sombra, devolvendo a interrupção. – E nós dois sabemos o que vai acontecer se vocês entrarem em conflito.

– Sei, e nada tenho a temer com Ele a meu lado... – Disse o anjo.



O Cavaleiro Negro embainhou sua espada novamente, observando atentamente Jonas a medida que deixava o jovem livre para se levantar. "Ótimo, civilizadamente...", disse a Sombra, irônica. O anjo se postou entre o Cavaleiro Negro e o jovem, deixando bem claro, sem uso de palavras, que o Cavaleiro Negro teria que passar por ele para conseguir algo. Jonas apenas ficava mais desnorteado com isso tudo.

– Isso vai me enlouquecer... – Balbuciou Jonas, já em pé.

– Não, a não ser que deseje isso... – Disse a Sombra, em seu ouvido. – Bem, se não tem mais perguntas, gostaria de uma resposta, não tenho toda a eternidade a sua disposição... E a espada de meu amigo quer aplacar a fome de sangue... Ops, você não tem mais sangue.

– Eu não posso escolher ser deixado em paz e longe de tudo isso? – Perguntou Jonas.

– Não de minha parte. – Disse o Cavaleiro Negro. – Só uma palavra e atravesso a cabeça de seu protetor e depois arranco a sua.



Jonas travou. Sabia que estava em uma encruzilhada e algo dentro de si garantia que apesar de toda a balela a respeito de livre arbítrio na realidade não tinha escolha alguma. Fitava o anjo e teve uma estranha impressão a respeito dele. Apesar de toda a aparência pomposa do ser divino, seu semblante mascarava algum sentimento diferente em relação à aquele momento, soava-lhe como se o anjo soubesse de algo ou tivesse alguma ordem que era segredo a senão todos ali, mas com certeza a Jonas.

– Diga-me, uma coisa, anjo. – Falou Jonas. – Você me responderia qualquer pergunta, qualquer coisa que lhe perguntasse, não?

– Sim. – Respondeu o anjo, com semblante mais preocupado ainda.

– Bem, gostaria de saber o motivo de tamanha preocupação... Existe algo que eu deveria não saber?

– Como assim?

– Exato, existe algo que se eu perguntar a você serei desviado da linha de pensamento e forçado a tomar conclusões erradas?

– Não. – Respondeu, demonstrando total sinceridade em suas palavras.

– Então se não é isso, do que se trata então?

– ... – Silenciou o anjo e Jonas teve certeza, existia algo mais.



Naquele instante Jonas teve certeza que muito mais estava em jogo do que simplesmente sua existência. "Adalberto morrera e nenhum anjo aparecera para salvá-lo", pensou, "porque então para mim teria?". Essa dúvida assombrou-lhe de tal forma que sentiu-se então satisfeito com apenas uma coisa. Se queria saber o que a Sombra planejava, jamais obteria tal informação da parte do anjo. Ele provavelmente o levaria para um lugar bem longe de onde jamais saberia porque tudo aquilo aconteceu. E Jonas, como dito no início de tudo, era tudo menos sensato. E ele tinha curiosidade em saber.

– Sombra, eu aceito sua proposta. – Afirmou.


O anjo deu de ombros e voou sem se despedir. Apenas desejou sorte a Jonas em sua decisão e que lembrasse sempre de Deus. Jonas não se importava mais com nada. A sombra pela primeira vez deixava transparecer algo em sua escuridão além de seus olhos brancos, deixou aparecer um largo sorriso. Ela pela primeira vez fez aparecer sua mão, uma mão feminina e delicada, estendeu-a até Jonas e os dois fecharam o acordo com um aperto de mãos. "Agora, precisamos apenas tornar oficial isso...", disse a Sombra enquanto ela mesma recobria o corpo todo de Jonas e deixava-o com uma pequena marca no braço direito, era um risco negro, semelhante a uma tatuagem. Começava grosso de um lado e afinava até desaparecer do outro. "Minha assinatura, todos os meus contratados possuem...".

– Marcado como gado... – Disse Jonas.

– Não, você tem toda a sua liberdade, contanto que me acate quando sua liberdade interferir em meus interesses durante nossos trabalhos.

Jonas apenas assentiu com um gesto com a cabeça. Sem dar tempo de processar a informação a sombra cresceu de tamanho e envolveu Jonas e o cavaleiro em uma completa escuridão. Jonas teve a sensação de voar muito rápido e quando a escuridão cessou ele, acompanhado da Sombra e do Cavaleiro, estava novamente onde tudo começara, naquele mesmo desfiladeiro vermelho...

 
De volta... ao início de tudo... Fim das Revelações.
 
Próxima parte: Conspiração.

Revelações de Jonas: Quinta Etapa da Viagem

Quinta Etapa da Viagem
Fim Real



Um Cemitério... Uma Sombra...



– Que tipo de conversa você quer ter comigo agora? – Pergunta Jonas.

– A que vai mantê-lo vivo, repare que está anoitecendo novamente. – Respondeu a Sombra.

– E daí? Que tipo de perigo me atinge agora? Já estou morto mesmo...

– Já se esqueceu de alguém quem disse que o buscaria? Realmente esqueceu?

– Do que fala? – Questionou Jonas.


A Sombra se espantou, e com razão. Quando a Sombra impediu que a luz levasse Jonas para seu destino, ela iniciou a contra-gosto um processo de esquecimento voluntário em Jonas. Por desejo próprio e por vergonha de seus atos, Jonas estava apagando de sua alma acontecimentos traumáticos. Todos eles.

– Não recorda de seus últimos momentos de vida? De um aviso de alguém que nós dois conhecemos? Esquecer nem sempre é remédio pra tudo... Ainda mais quando lidamos com a destruição do espírito...

– Se refere a...



Jonas congelou. Seu corpo tremeu por completo e ele se recordou das palavras do Cavaleiro Negro. "E quando chegar no Inferno vou até você e destruirei sua alma...", essas palavras invadiram a mente de Jonas causando enorme desconforto e pavor. A Sombra percebendo nitidamente que o recém falecido estava desesperado, não hesitou em fazer uma proposta.

– Bem, existe uma chance de você sobreviver... Basta que me deixe levá-lo de volta para aquele mesmo cenário desolado de anos atrás. – Propôs a Sombra. – Está disposto?

– Porque me oferece tanta ajuda? – Questionou Jonas. – Você não me parece o tipo de ser altruísta, que concede favores sem cobrar...

– Decerto, mas o preço que vou lhe cobrar te garanto que será menor que o cobrado pelo Cavaleiro Negro... Bem menor... A opção é deixar senhoras bondosas como aquela que viu ontem se encarregarem de morrer te protegendo. Não acredito que sejas do tipo que se deixaria proteger por senhoras, ou seria?

– ...

– Vou lhe dar tempo pra pensar, você têm vinte e quatro horas, depois disso, venho buscá-lo ou assistir o resultado de sua decisão. Até lá alguns emplumados virão visitá-lo, pois eles já o procuram, decida o que melhor lhe convier, mas arque com a conseqüência de seus atos... Livre Arbítrio é o que há de mais sagrado...



A Sombra não deu tempo de Jonas perguntar nada mais. Esgueirou-se rápida como água em enxurrada pelo chão e desapareceu na escuridão da noite que começara. Jonas ficou parado ainda alguns segundos, imerso na própria preocupação, literalmente entre a cruz e a espada. E ele não sabia sequer manejar ambas. O jovem vagou sem rumo pelo cemitério ainda por mais duas horas, quando decidiu observar sua cova. Seguiu um de seus familiares que ainda estava no lugar arrumando a papelada e viu que seu corpo fora enterrado nos arredores do cemitério, quase nos muros, em uma cova rasa coberta apenas por um tampo de cimento sem identificação. Apesar de um ou outro coveiro ainda terminar de vedá-lo, era óbvio que quando seu corpo esfriasse e a família esquecesse a cova seria reaberta, seu corpo vendido a alguma faculdade e seu jazigo reaproveitado. "Simples comércio...", indagou.

Decepcionado com tudo que via e percebendo que não ganharia mais nada estando ali, Jonas pegou outra carona em um ônibus e recomeçou sua viagem de volta para seu único ponto de referência naquele mundo novo, eu recém conhecido amigo Adalberto. Durante o caminho teve a certeza que era seguido de perto por alguma coisa desconhecida, mas não conseguia ver nem ouvir nada. Então algo lhe tocou os ombros. Era uma senhora de aparência de pelo menos 90 anos e com os olhos completamente negros e fundos.

– Diga logo! Diga! – Berrou a senhora.

– Hã! O que? – Disse Jonas, sem entender nada.

– Diga! Diga! Fale logo pra eles pararem!

– Eles quem! De quem está falando!

– Eles! Diga logo! Eles vão me levar!

– Quem? Quem vai te levar?

– Eles! Eles!



Um imenso jato de luz atravessou o ônibus, cegando Jonas completamente. Uma sensação de paz e conforto como nunca sentira antes percorreu toda a sua alma, como se estivesse nascendo novamente e livre de todos os seus pecados. Escutou um bater leve de asas e teve a impressão de escutar harpas tocando. Era uma sensação maravilhosa e ao mesmo tempo, lá no fundo, causava-lhe um pavor proporcional ao conforto momentâneo. Jonas esforçou-se para abrir os olhos e quando conseguiu estavam ele e a senhora caídos no meio da Avenida Brasil, próximo a entrada para o elevado que levava a Ponte Rio Niterói. O desconforto era absurdo, pois a cada segundo uma série de veículos literalmente os atravessavam em alta velocidade e Jonas em frações de segundo era capaz de ouvir e sentir tudo que se passava pela cabeça dos ocupantes de todos esses veículos.



"Tenho que pegar essa estrada de novo?", pensava uma mulher de nome Júlia, no auge de seus 32 anos.



"Hoje vou me casar, estou feliz demais!", pensava Aderbal, aos 42 anos dentro de um ônibus que transpassou Jonas.



"É hoje que eu mato aquela cadela... Ninguém me trai!", passava pela cabeça de Raimundo, um nordestino de 40 anos que levava consigo um revólver e muito ódio no coração.



"Eu queria aquela bola, eu queria ela!", berrava Raquel, de 4 anos, reclamando pelos pais não terem parado na estrada pra pegar uma bola de futebol abandonada.



E mais uma infinidade de pensamentos em sua maioria pútridos demais para sequer serem lembrados por Jonas. Com dificuldade Jonas se concentrou em si mesmo e começou a ignorar essas invasões involuntárias. Olhou para os lados e viu a velha senhora de joelhos, contorcendo-se em dor e arrancando os próprios cabelos. O jovem fez menção de ajudá-la, mas quando faltavam poucos passos para isso, um enorme par de asas se colocou entre ele e a senhora.

– Dona Ieda? – Disse a voz, poderosa e ao mesmo tempo afável.

– Saia daqui! Vocês não vão me levar! – Berrava a Senhora, arrancando mais e mais cabelos.

– Não faremos nada de mal a senhora, somente quero conversar... Ele me mandou para conversar com a senhora.

– Cale-se! Passei a vida inteira naquele asilo rezando pra depois... Pra depois... – Dona Ieda começou a chorar copiosamente, encolhendo-se no chão como um feto. – Ele me abandonou por causa dela... Por causa dela...

– A senhora precisa se livrar desse ódio, dona Ieda. – Disse a voz, mais calma ainda. – Entenda, sua filha apenas queria o seu melhor, ela...

– Cale-se! O melhor para mim era estar com ela! Sempre com ela! – Berrou a senhora, ríspida.

– Nem sempre o que queremos é o melhor para nós...

– Cale-se! Eu vou ficar ao lado dela para sempre! Dela e daquele maldito marido dela... Como eu o odeio!



Antes que o ser angelical pudesse segurar nas mãos da senhora, ela se levantou e se jogou num carro em alta velocidade, desaparecendo em questão de segundos. Jonas não entendia absolutamente nada daquilo que estava acontecendo, quando fez menção de perguntar, o próprio ser alado lhe respondeu.

– Sim, sou um anjo... Da guarda, pra ser mais específico. – Respondeu o Anjo.

– Vocês existem? Realmente existem anjos da guarda? – Questionou Jonas, como que desperto de um transe.

– Existimos e tentamos ajudar, mas não podemos fazer nada que não nos seja permitido, como viu...

– Quem é essa senhora?

– É uma pessoa que morreu imersa em muita dor e ressentimento e que agora que deveria se livrar do sofrimento decidiu impô-lo a sua filha, independentemente de qualquer alma caridosa que tente convencê-la do contrário. É a vida carnal que se tornou mais forte que a alma... Apego.

– Já ouvi sobre isso.

– E você, Jonas, porque está ainda aqui? Já deveria ter subido há muito tempo... Não vejo apego em você, apenas muita dúvida. Cuidado com suas escolhas, apenas posso dizer isso a você.E aconselho-o a seguir a luz quando puder. Até mais ver... – Disse o Anjo, começando a voar.

– Para onde vais? – Perguntou Jonas.

– Atrás de dona Ieda, ela está tentando chegar a casa da filha... Quero convencê-la a desistir disso antes. Boa sorte em sua jornada. Ah, se quiser chegar a seu destino rápido, basta apenas que deseje muito...



"'Desejar'? Como assim 'desejar'?", indagou Jonas, enquanto via o anjo desaparecer no horizonte. Se o anjo queria lhe ensinar algo, não conseguiu. E Jonas nem se preocupou com as palavras finais do anjo, e apenas providenciou em poucos segundos um novo ônibus para si. Pelo menos daquele ponto da Avenida Brasil as opções de transporte eram maiores que próximo ao cemitério. Com isso acabou chegando rapidamente a Marina da Glória, onde em questões de minutos foi ter novamente com seu amigo Adalberto.

Adalberto também não entendeu as palavras do anjo e aparentemente não levou a sério as palavras da Sombra. Parecia até mesmo desconhecer ela totalmente, dizendo somente ao garoto para escolher com sabedoria seu próprio caminho, independentemente de ameaças. "A fé remove montanhas, lembre-se sempre disso.", disse Adalberto, afirmando sem enrolar que Jonas só precisava de fé em si próprio e em Deus para conseguir as coisas. Só que Adalberto não sabia que Jonas não era um jovem tão próximo de Deus quanto o velho fantasma imaginava.

E a noite virou dia e o dia virou novamente noite. A hora de dar a resposta a sombra havia chegado. Ao contrário do que fora dito, a luz não aparecera em nenhum momento e Jonas dava sinais que desistiria de toda essa dúvida cruel e seguiria sua não-vida em outro lugar. Foi quando ele chegou. Jonas e Adalberto foram tomados de súbito de uma sensação de perigo eminente e não tardou muito para que um cavalo completamente negro chegasse ao lugar tendo como seu dono o fatídico Cavaleiro Negro. Jonas fez menção que tentaria correr desesperadamente para salvar sua pele, mas quando o primeiro pé se mexeu, o cavaleiro negro já estava diante deles dois.

O cavaleiro negro trajava uma imponente couraça de placas negras completamente sem brilho adornadas com detalhes demoníacos em azul escuro. Seu elmo era completamente fechado permitindo-se somente que um brilho opaco branco pudesse ser visto e a silhueta quase oculta de seu rosto. As ombreiras da armadura eram largas e mostravam que o corpo do cavaleiro negro era muito forte, exalando confiança em si mesmo. Tinha presa na cintura uma enorme espada negra com seu cabo feito aparentemente em ossos e um crânio de onde saía a lâmina. Uma capa de pele de algum animal completava seu visual demoníaco. Seu corcel era tão negro quanto sua armadura e usava uma armadura adaptada também negra. Pendurados no cavalo estavam um enorme machado manchado de sangue e um escudo com o relevo de um crânio, de onde eram expelidos vermes os mais diversos.

– Nem adianta correr. – Afirmou o cavaleiro negro, exalando puro enxofre de seu capacete. – Vou te encontrar aonde quer que esteja...

– Saia daqui garoto, ele não é páreo para a força da... – Interrompeu Adalberto, colocando-se corajosamente entre o cavaleiro e Jonas.


"Calai a boca, filho de Deus!", berrou o cavaleiro negro. A pestilência de sua voz era tamanha que afetou até mesmo o mundo dos vivos, fazendo inúmeros peixes aparecerem boiando mortos em questão de segundos. Atormentado e sentindo-se compelido a proteger seu santuário, Adalberto se jogou diante do cavaleiro negro que num movimento limpo de sua lâmina dividiu o espírito em dois. Adalberto caiu no chão gritando de dor e tentando de qualquer jeito juntar as partes divididas. O cavaleiro negro não demonstrou nenhuma piedade do velho espírito e cravou sua espada na cabeça de Adalberto. Deu-se então um enorme flash luminoso e quando o mesmo cessou, não havia o menor sinal de Adalberto, sequer resquícios de sua presença.

Jonas foi tomado por uma sensação de perda maior que qualquer sensação que tivera. Era horrível e indescritível a sensação daquele momento, de ver uma energia divina e até certo ponto infinita se dispersar de tal modo, como se nunca tivesse existido. Adalberto não teria sequer um corpo pra enterrar, sequer alguém que lembrasse dele que não Jonas e talvez duas ou mais pessoas, ainda assim a dor naquele ambiente era absurda, pois mesmo a morte dos humanos não era finita, e sim um recomeço. O que acontecera ali era definitivamente o fim. E tomado por uma fúria sem igual Jonas saltou sobre o cavaleiro negro disposto a qualquer coisa que pudesse aplacar a dor que sentia em sua alma, até mesmo morrer em função disso...

– Idiota. – Sussurrou o cavaleiro negro.