A Fã


Ana Clara adorava livros de vampiro. Desde os quinze anos, quando assistira pela primeira vez nos cinemas a segunda parte de Crepúsculo ela tinha certeza que nascera para ser uma nova Bella Swan.

Tinha todos os livros lançados em português, com e sem as capas do filme, canetas, cadernos, capas para celular, enfim, se algo tinha a foto de Bella ou do vampiro Edward ela implorava a seus pais para comprarem.
- Mas e daquele lobisomem, o Jacó? – Perguntava a mãe na papelaria, uma pergunta que sempre fazia.
- Jacob, mãe.
- Isso, isso... Caderno dele não pode?
- Jacob não é vampiro, é lobisomem e fedem como cachorro.

Cuma?

- Vamos, você consegue. Os olhos reviraram e procuraram uma saída. Não havia. Atrás dele cinco pessoas fortes, daquelas que o bíceps de um deles era seu torax. Do outro um pequeno muro, uma plaquinha simpática com a foto de um cachorro nadando em uma piscina de sangue.

 

Apenas um cafézinho.

Olhou para o copo de café sobre a mesa.

Não conseguia tocá-lo. Seu corpo implorava por aquelas gotas de energia e em algum lugar tenebroso em sua mente o café parecia transmutar-se em uma lata de espinafre e a voz de Olívia Palito ecoava em sua mente pedindo socorro.

Não queria tomar o café. Não era certo em sua mente que toda sua produtividade naquele dia oneroso de trabalho estive ligada intimamente àquele coquetel de cafeína proveniente da sempre amiga cafeteira automática. Aliás, olhava para a máquina de café colocada estrategicamente a dez passos de sua mesa e se indagava quando ela chegara.