Visto a perder de vista

 Uma imagem que resume meu último mês:

 
Toda semana um pedido novo de documento.

Até que o processo termine estarei que nem o seu Madruga devendo 14 meses de alug... ops, devendo o post de visto de estudante.

E quando a campanha de Ajuda ao Limão completar 30 dias postarei um pequeno relatório resumido com a quantidade de doadores aqui.

Como funcionou o processo de seleção para mestrado em Portugal?


Uma pergunta que talvez seja recorrente e que não encontrei em muitos sites é justamente sobre como funciona um processo seletivo de Mestrado em Portugal.

A gente encontra com certa facilidade até como faz para conseguir os Vistos de Trabalho ou os Vistos de Residência.

Porém a opção de imigrar para estudar o caminho é um pouco diferente e não necessariamente mais fácil (na verdade é até mais demorado, afinal de contas, antes de chegar no ponto de se candidatar você precisou pelo menos se formar).

Explicarei, não muito resumidamente, por aqui.

Quem quer pão? Vamos comer uma foca...ccia?

 
 
Bora fazer pão?

Nessa pandemia fui contaminado pela pãodemia e acabei me dedicando a preparos com pão.

Já fiz pão francês, pão de leite, pão de hambúrguer, pão de cachorro quente, pão sírio, pão árabe e até panetone.

Hoje estava entediado em casa e sozinho, decidi fazer pão.

Bora fazer uma focaccia?
 

Um novo tempo vem aí!

Dando prosseguimento a reformulação do Pensamentos Equivocados fiz uma enorme limpeza no portal.

Contos de minha autoria continuaram, postagens que não representam mais minha visão de mundo não produzem outro efeito senão me lembrar de que evoluí, não as apaguei, apenas as converti em um modo que apenas possa acessá-las sem interferir com o conteúdo.

O visual voltei ao básico, até porque o visual antigo estava de certa forma defasado e muito pesado, melhor um visual básico que priorize aquilo que tem de melhor.

Carlos Boneca

Era normal.

Todo dia pela manhã bem cedo se levantava e comprava seu jornal. Dava bom dia ao jornaleiro, ria de alguma piada sobre futebol. Seguia sua rotina voltando para casa passando pela padaria. Como no jornaleiro, dava bom dia a todos os funcionários, comprava seus pães, presunto e queijo (sempre prato, nunca muçarela).

Por volta das nove horas da manhã pegava sua bicicleta e descia pela Teodoro Sampaio até a Brigadeiro Faria Lima em direção ao trabalho, uma das muitas agências de publicidade de São Paulo. Era redator, ao menos era isso que os vizinhos sabiam. Trabalhava até as dezoito horas, quando voltava para casa.

Por sinal, morava em uma pequena vila, daquelas que ainda sobrevivem a especulação imobiáliaria e habitada em sua maioria por imigrantes italianos ou seus descendentes. Gente idosa em sua maioria. Carlos não era nem uma coisa nem outra.

A noite as luzes da casa se acendiam. Mas sem nenhum som. Apenas o brilho inconstante da televisão. Uma vez escutaram o som aumentar e diminuir repentinamente, em seguida Carlos saiu de casa e voltou horas depois com um novo fone de ouvido sem fio como viram os vizinhos.

Tudo era normal.


A Fã


Ana Clara adorava livros de vampiro. Desde os quinze anos, quando assistira pela primeira vez nos cinemas a segunda parte de Crepúsculo ela tinha certeza que nascera para ser uma nova Bella Swan.

Tinha todos os livros lançados em português, com e sem as capas do filme, canetas, cadernos, capas para celular, enfim, se algo tinha a foto de Bella ou do vampiro Edward ela implorava a seus pais para comprarem.
- Mas e daquele lobisomem, o Jacó? – Perguntava a mãe na papelaria, uma pergunta que sempre fazia.
- Jacob, mãe.
- Isso, isso... Caderno dele não pode?
- Jacob não é vampiro, é lobisomem e fedem como cachorro.

Cuma?

- Vamos, você consegue. Os olhos reviraram e procuraram uma saída. Não havia. Atrás dele cinco pessoas fortes, daquelas que o bíceps de um deles era seu torax. Do outro um pequeno muro, uma plaquinha simpática com a foto de um cachorro nadando em uma piscina de sangue.

 

Apenas um cafézinho.

Olhou para o copo de café sobre a mesa.

Não conseguia tocá-lo. Seu corpo implorava por aquelas gotas de energia e em algum lugar tenebroso em sua mente o café parecia transmutar-se em uma lata de espinafre e a voz de Olívia Palito ecoava em sua mente pedindo socorro.

Não queria tomar o café. Não era certo em sua mente que toda sua produtividade naquele dia oneroso de trabalho estive ligada intimamente àquele coquetel de cafeína proveniente da sempre amiga cafeteira automática. Aliás, olhava para a máquina de café colocada estrategicamente a dez passos de sua mesa e se indagava quando ela chegara.
 

Procuro mas não acho, ou acho que procuro.

Primeiro procurei na meia. Não estava lá, eu procurei, fucei, sacudi mas não te encontrei. Eu tinha certeza que estava ao lado daquela nota de cem reais que reservo na meia direita e que por ventura coloco na esquerda. Nem em uma nem em outra. Mas como todo bom brasileiro, se não sou insistente sou também teimoso como uma mula, logo, continuo a te procurar. Minha esposa dorme profundamente, mas mula não tem sentimentos, e a cutuco.

Ocaso do interior. (Tonho)


Um banco, uma praça e duas senhoras, ambas tricotando casacos.

- Sabe o Tonho?
- Que Tonho?
- O Tonho, filho de Maria, que casou com José, lá da mercearia?
- Ah, o Tonho. O que tem o Tonho?
- Que Tonho?
- O Tonho, filho de Maria, que casou com José, lá da mercearia.
- Ah sim, o Tonho.
- E então?
- O que foi?
- Você falou do Tonho, filho de Maria, que casou com José, lá da mercearia.
- Ah... Falei?
- Falou.
- Sabe que esqueci?
- Do quê?
- Do Tonho?
- Que Tonho?
- Tonho, filho de Maria, que casou com José, lá da mercearia.
- Ah sim, ele se casou.
- O Tonho.
- Não, José.
- José casou com quem?
- Tonho.
- Tonho ou José?
- Os dois, fugiram depois da missa. Foram para a cidade.
- Que horror.
- Tem linha pra continuar o casaco?
- Tenho.

Trocam linhas, casacos antes um azul e outro amarelo agora são azul-amarelo e amarelo-azul.
- Acho que as crianças vão gostar.
- Eu também acho.
- Mas do que falávamos?
- Tonho?
- Que Tonho?

E o ciclo recomeça.